ID do Resumo: 442
Investigando a biodiversidade botânica amazônica: as limitações das parcelas permanentes para o conhecimento taxonômico.
A falta de conhecimento botânico básico da Amazônia brasileira é um desafio para estudos ecológicos, e igualmente para manejo e conservação. Além da falta de mão de obra, a densidade de coletas férteis é 10 vezes menor do que é considerado minimamente adequado. Para piorar a situação, o ritmo de coletas botânicas está diminuindo nos últimos 20 anos. Precisamos achar meios para melhorar e atingir o conhecimento adequado para subsidiar outras atividades científicas e administrativas. Para isso é preciso providenciar coletas bem feitas, provenientes das áreas menos conhecidas, direcionadas para captar material fértil de espécies raras para que os especialistas aptos a identificá-las e descrevê-las possam analisá-las. Atualmente ampliou-se a metodologia de parcelas permanentes promovida pelo PPBio. No entanto os resultados não estão sendo satisfatórios para o aumento do conhecimento da Flora Amazônica. Estes plots permanentes permitem estimativas de biodiversidade Alfa e, até certo ponto Beta, mas não são ideais para fomentar maior conhecimento taxonômico de biodiversidade botânica Gama. Dados de herbários e de estudos anteriores mostram que o material coletado em parcelas apresenta muitos problemas: a maioria é de qualidade inadequada para a taxonomia; se concentram nas espécies comuns; providenciam pouco material fértil, especialmente das espécies raras; possuem menor qualidade de informação descritiva; e são menos prováveis de ser vistos por taxônomos. Concomitantemente, parcelas permanentes geram muito material estéril, que é freqüentemente identificado por estagiários com pouco treinamento taxonômico. Os estagiários identificam as plantas através de comparação com material de herbário, e não tem conhecimento suficiente para saber se estão comparando com coletas identificadas corretamente. Muitas vezes replicam o erro de identificações duvidosas nos herbários. Enquanto plotes permanentes são ferramentas importantes para conhecimento de ecologia de comunidades, eles contribuem pouco para conhecimento da biodiversidade vegetal da Amazônia. O modelo da Flora da Reserva Ducke mostrou que um projeto botânico intensivo num lugar onde será implementado um projeto de plotes facilitou sua implementação e aumentou a confiança nos resultados botânicos, treinou mão de obra, e reduziu os gastos financeiros e temporais envolvido na identificação das plantas estéreis coletadas nas parcelas. Infelizmente esta lição não foi aprendida na Amazônia.
Sessão: Biodiversidade - Integração de taxonomia e das coleções biológicas em estudos ecossistêmicos.
Tipo de Apresentação: Oral
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