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ID do Resumo: 570

A importância da topografia e da distribuição de potenciais hospedeiros como preditores da ocorrência de Marasmius castellanoi (Basidiomycota, Fungi) na Reserva Ducke

Fungos são essenciais para o funcionamento dos ecossistemas terrestres, porém informações sobre o nicho das espécies são escassas em florestas tropicais. As teorias sobre os fatores que determinam os padrões de distribuição de espécies envolvem o ambiente, interações bióticas e a história. Diversos estudos sugerem que fungos decompositores de serrapilheira pertencentes à seção Marasmius do gênero Marasmius apresentam especificidade por hospedeiros, porém essa relação ainda não foi adequadamente testada. Essas espécies possuem o corpo vegetativo (micélio) confinado às folhas de dicotiledôneas e é esperado que a distribuição espacial dos hospedeiros seja determinante da distribuição das espécies de fungos hipoteticamente em nível de gênero ou família. Espécies de fungos são identificadas pelos corpos de frutificação, mas como eles são efêmeros e sazonais é necessário obter amostras repetidas para determinar a ocorrência de uma espécie nas unidades amostrais. Neste estudo, avaliamos a influência de variáveis ambientais (altitude) e bióticas (área basal de 7 gêneros de Lecythidaceae) sobre a ocorrência de Marasmius castellanoi, uma espécie comum encontrada em todo o ano na Reserva Ducke, cujo epíteto sugere algum grau de especificidade, supostamente com Lecythidaceae. Realizamos 3 amostragens em 30 parcelas de 1 x 250 m distribuídas regularmente a cada 1 km. Foram observados 365 corpos de frutificação que ocorreram em 21 das 30 parcelas. A probabilidade de detecção de M. castellanoi é alta e a proporção estimada de sítios ocupados (0,7080 ± 0,0849) não difere da proporção observada (0,70), indicando que a ausência das demais parcelas é efetiva. A densidade de ocupação de M. castellanoi está positivamente relacionada com a altitude (F1,26=42,768, R2=0,607, P<0,001) e com Eschweilera (F1,27=15,032, R2=0,334, P=0,001), mas não foi possível separar o efeito relativo dessas variáveis no modelo misto, pois as variáveis estão correlacionadas (Eschweilera x altitude, r=0,681, P<0,001). Independentemente, a relação com a altitude é forte e pode ser usada para modelar a ocorrência de M. castellanoi na paisagem. Por outro lado, parece existir uma relação biológica com Lecythidaceae. Cerca de 25 folhas onde M. castellanoi foi detectado foram identificadas, e todas são Eschweilera. Contudo, é possível que a aparente especificidade de M. castellanoi por Eschweilera reflita a disponibilidade desse substrato na serrapilheira, pois na Reserva Ducke esse é o gênero de Lecythidaceae mais abundante (cerca de 80% do número de indivíduos).

Sessão:  Biodiversidade - Modelagem da biodiversidade Amazônica: presente e futuro.

Tipo de Apresentação:  Poster

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