ID do Resumo: 342
Monitoramento de populações de primatas: padronização amostral, esforço de coleta e sazonalidade
Primatas estão entre os táxons mais bem estudados em florestas tropicais, no entanto, menos de 20% de suas espécies apresenta dados populacionais confiáveis devido à falta de padronização na coleta de dados. Diante da carência de programas de conservação que utilizem desenhos padronizados, a Conservação Internacional e a Fundação Moore criaram o Programa de Ecologia e Monitoramento de Florestas Tropicais (TEAM) com o objetivo de avaliar os efeitos das mudanças climáticas na biodiversidade, incluindo primatas, foco deste estudo. Censos populacionais foram realizados entre 2005 e 2007, em três reservas florestais do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Adolpho Ducke, ZF2 e ZF3). Duas parcelas independentes de 1-km2 (sítio amostral), constituída por seis trilhas de 1 km de extensão distantes 200 m entre si, foram estabelecidas em cada reserva. Foram percorridos 48 km/sítio/estação (chuvosa e seca) pela metodologia da transecção linear. Este esforço foi analisado por meio de curvas de rarefação de espécies (presença/km, Programa EstimateS). Foram contabilizados 775 avistamentos distribuídos entre sete espécies de primatas: Ateles paniscus, Alouatta seniculus, Cebus apella, Chiropotes satanas, Pithecia pithecia, Saguinus midas (ZF2 e ZF3) e S. bicolor (ZF2 e Ducke). O esforço amostral para registrar todas as espécies presentes variou de 120-150 km/sitio. Houve efeito estacional no número de avistamentos para Alouatta, de período do dia para Pithecia e S. bicolor e temporal quanto ao número de indivíduos por agrupamento para Alouatta, Ateles, Chiropotes e Pithecia. Em relação ao efeito temporal, as variações populacionais podem ser intrínsecas (mortes e nascimento), comportamentais (fissão e fusão de grupos) e ambientais (disponibilidade de recursos). Finalizando, estabelecemos as seguintes recomendações para programas de monitoramento: (1) padronização dos métodos de coleta; (2) testes prévios sobre o esforço amostral; (3) testes sobre efeitos de estação e de período do dia nos avistamentos; (4) estudos de monitoramento de grupos; e (5) estudos de fenologia e de disponibilidade de recursos.
Sessão: Biodiversidade - Integração e disseminação de dados e metadados: desafios e soluções para o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio).
Tipo de Apresentação: Oral
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