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Padrões geográficos da dieta humana através da análise isotópica de unhas

Gabriela Bielefeld Nardoto, CENA - USP, gbnardot@carpa.ciagri.usp.br (Apresentador)
James Ehleringer, University of Utah, ehleringer@biology.utah.edu
Jean Pierre Ometto, CENA - USP, jpometto@cena.usp.br
Luiz Antonio Martinelli, CENA - USP, martinelli@cena.usp.br

Os consumidores ao longo da cadeia alimentar incorporam e integram o sinal isotópico de carbono e nitrogênio em seus tecidos provenientes de todos os alimentos assimilados. Muitos estudos têm usado a composição isotópica de C e N para inferir sobre dieta alimentar. Para o presente trabalho foi organizada uma base de dados incluindo análises isotópicas de C e N de unhas de voluntários (entre eles vários pesquisadores e alunos do LBA), sendo 490 amostras de pessoas que moram em áreas urbanas no oeste dos EUA, 273 em centros urbanos do sudeste do Brasil, 35 no oeste europeu e 7 na China. E ainda, uma base de dados foi obtida de pessoas vivendo em pequenas comunidades (Jamaraquá, Socorro e São Jorge) no município de Santarém, PA, onde a maior parte de suas dietas é proveniente de alimentos produzidos e obtidos localmente. Além disso, foram obtidas análises isotópicas de alimentos freqüentemente consumidos por essas pessoas para verificar o quanto essas assinaturas isotópicas permanecem distintas entre pessoas vivendo em diferentes regiões, e o quanto que as informações relativas à dieta alimentar podem ser interpretadas com base nessas análises. As amostras de unhas e alimentos foram introduzidas primeiramente num analisador elementar, e depois detectadas num espectrômetro de massas – para razões isotópicas. As assinaturas isotópicas de C e N presente nas unhas mostraram que tanto a dieta alimentar quanto à origem dos alimentos diferem entre as regiões estudadas. Diferenças isotópicas nas unhas das pessoas vivendo nos grandes centros urbanos parecem ser conseqüências principalmente das práticas agrícolas e produção animal utilizadas mais do que os costumes nacionais referentes às dietas alimentares. As pessoas vivendo nas pequenas comunidades de Santarém apresentaram valores isotópicos bem distintos daquelas vivendo nos centros urbanos, mas consistentes com suas dietas e com os valores isotópicos dos alimentos produzidos na própria região. Apesar das tendências mundiais de homogeneização cultural, foi possível verificar através das assinaturas isotópicas de C e N nas unhas, informações diretamente relacionadas tanto à origem dos alimentos consumidos como das práticas alimentares.

Submetido por Gabriela Bielefeld Nardoto em 30-MAR-2005

Tema Científico do LBA:  HD (Dimensões Humanas)

Sessão:   HD: A terra e o perfil sócio-econômico das populações amazônicas

ID do Resumo: 41

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