Estudos climatológicos mostram uma acentuada variação espacial e temporal da precipitação junto à costa atlântica e ao longo da Bacia Amazônica. Na escala anual, a precipitação dessa região é regida pelo deslocamento norte-sul da Zona de Convergência Intertropical. Na escala intra-sazonal, alguns estudos mostram a influência da “Oscilação de Maden-Julian” e da incidência de “ondas de leste”. Já na escala diurna, outros trabalhos mostram que, durante os horários da manhã, o máximo de precipitação contorna a costa sobre o oceano, enquanto que nos horários da tarde esse máximo intensifica-se, deslocando-se para o interior do continente. Essa variação espacial e temporal da precipitação é associada principalmente à circulação de brisas terrestre e marítima.
Dentro do Projeto Instituto do MilênioLBA/CNPq, estações automáticas vem coletando, desde agosto de 2000, dados contínuos de variáveis meteorológicas em três ecossistemas da região leste da Amazônia (campo-Soure, manguezal-Bragança, e floresta-Caxiuanã). A análise preliminar dos dados de precipitação mostra que no período de janeiro a maio (estação chuvosa), a chuva ocorre preferencialmente durante a madrugada e início da manhã nas estações do litoral (Soure e Bragança), enquanto que na estação mais interior ao continente (Caxiuanã),a chuva ocorre à tarde e início da noite. Para o período de agosto a novembro (estação seca), a chuva ocorre preferencialmente à tarde e início da noite nas estações do litoral (Soure e Bragança) e também na estação de Caxiuanã. Durante os meses de janeiro a maio o vento predominante é perpendicular à costa, enquanto que nos meses de agosto a novembro o vento é mais paralelo à costa.
Uma análise estatística da precipitação mostra que a duração média de uma chuva nas estações do litoral é de 2,20 h para Bragança e 2,15 h para Soure. Já para a estação mais interior ao continente a duração media é de 1,85 h.