Estudos climatológicos mostram uma acentuada variação espacial e temporal da precipitação junto à costa atlântica e ao longo da Bacia Amazônica. Na escala anual, a precipitação dessa região é regida pelo deslocamento norte-sul da Zona de Convergência Intertropical. Na escala intra-sazonal, alguns estudos mostram a influência da “Oscilação de Maden-Julian” e da incidência de “ondas de leste”. Já na escala diurna, outros trabalhos mostram que, durante os horários da manhã, o máximo de precipitação contorna a costa sobre o oceano, enquanto que nos horários da tarde esse máximo intensifica-se, deslocando-se para o interior do continente. Essa variação espacial e temporal da precipitação é associada principalmente à circulação de brisas terrestre e marítima.
Dentro do Projeto Instituto do Milênio LBA, estações automáticas vem coletando dados contínuos de variáveis meteorológicas em três ecossistemas da região leste da Amazônia (campo-Soure, manguezal-Bragança, e floresta-Caxiuanã), desde agosto de 2000. A análise preliminar dos dados de precipitação mostra que, nas estações do litoral (Soure e Bragança), a chuva ocorre preferencialmente durante a madrugada e inicio da manha, enquanto que na estação mais interior ao continente (Caxiuanã), ocorre à tarde e inicio da noite. Além disso, a precipitação nas estações do litoral ocorre logo após a mínima velocidade diurna do vento, enquanto que na estação de Caxiuanã ocorre após a máxima velocidade do vento. Esses resultados indicam que diferentes mecanismos de interação entre a precipitação e as circulações locais podem estar ocorrendo nessa regiões.