Fogo Inimigo? As transformações do discurso ambiental na agricultura familiar
Luciana
Miranda
Costa, Autor, lucianac@amazon.com.br
(Presenting)
O discurso ambiental, que coloca a proteção ambiental como prioridade social, individual e coletiva, de caráter necessário e urgente, é a linha condutora das campanhas de prevenção ao fogo acidental implementadas, principalmente a partir de 1998, no Estado do Pará. Este discurso, entendido como prática discursiva, objetiva uma mudança do comportamento dos agricultores familiares a partir de uma “conscientização” dos mesmos e da “naturalização” deste comportamento. Ao tratar do campo ambiental e da sua relação com o subcampo da agricultura familiar, tendo como elemento de intersecção as campanhas, pretendo mostrar como o discurso ambiental, marcado pela proteção à natureza, tem sido dominante na relação que se estabeleceu entre os agentes e instituições destas duas esferas. Isto significa na prática, que às visões de mundo tidas como legítimas pelo campo ambiental estão sendo incorporadas pelo subcampo da agricultura familiar em um ritmo muito mais acelerado do que o inverso, garantindo ao primeiro, um acúmulo muito mais expressivo de poder simbólico. As campanhas estão sendo tomadas como objeto de estudo exatamente porque contém os elementos que mostram, em um contexto histórico determinado, como as relações entre os dois campos são relações de força marcadas pelo desequilíbrio. Ou seja, retomando o conceito de habitus de Bourdieu, o que se busca ressaltar com esta pesquisa é a possibilidade de que processos de compartilhamento de conhecimentos estejam sendo efetivados através da generalização de visões de mundo presentes no habitus de um dos principais agentes sociais da experiência: pesquisadores e técnicos do campo ambiental.
Submetido por Luciana Miranda Costa em 17-MAR-2004